Desde de 1991, existe uma Lei no Brasil para inclusão de Pessoas com Deficiência (PCD) no mercado de trabalho. Contudo, só a partir de 1999 é que as empresas brasileiras efetivamente começaram a contratar e incluir, aos poucos, esses colaboradores no ambiente de trabalho. Atualmente, a lei 13.146 (de 6 de julho de 2015) regulamenta o direito ao trabalho de PCD. A cada ano, mais empresas estão se adequando a legislação, recebendo Pessoas com Deficiência e percebendo a importância de tê-los como membros da equipe.
A PCD traz ao ambiente de trabalho mais motivação. Afinal, os outros colaboradores se inspiraram com a garra e vontade de superar os desafios que os novos colegas transmitem. Além disso, a empresa que adota uma atitude inclusiva demonstra que se empenha em criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Mas não basta contratá-los, é preciso oferecer um ambiente de trabalho planejado e adequado as suas necessidades . Assim, a empresa tornará o ambiente verdadeiramente inclusivo e garantirá o bem-estar de todos os colaboradores. Por isso, preparamos 5 dicas para inclusão de PcD ao ambiente de trabalho. Confira!
1. Identifique os níveis de aceitação e de rejeição
Para o ambiente de trabalho ser de fato inclusivo, além das adaptações físicas, são necessárias ações que promovam boas relações interpessoais. É comum que por falta de informação, por preconceito ou mesmo por não saberem como agir, alguns colaboradores apresentem resistência e/ou rejeição à ideia de ter pessoas com deficiências como colegas de trabalho.
Por isso, é interessante que o departamento de recursos humanos em conjunto com outras áreas mensure o nível de aceitação versus o de rejeição à contratação de PCD. Após essa identificação, será possível planejar ações para elevar a aceitação e tornar o ambiente mais aberto, leve e tranquilo para as pessoas com deficiência que farão ou que já fazem parte da empresa.
2. Execute atividades de sensibilização e treinamento em todos os setores
Com o conhecimento de como está o nível de aceitação e de rejeição, os gestores terão condições de planejar as intervenções. É importante ensinar a toda a equipe o quanto é produtivo conviver com pessoas diferentes e aprender com elas. Os funcionários precisam aprender a conviver com o novo e devem entender que PCD não são dependentes. Pelo contrário, são plenamente capazes e eficientes, só precisam de algumas condições diferenciadas.
A conscientização fará toda a diferença para que a inclusão aconteça. Afinal, a falta de informação pode provocar desconforto e gerar dúvidas. Muitas pessoas não sabem, mas existe uma grande parcela da população brasileira com deficiência. Porém, como a sociedade não é inclusiva a PCD encontra inúmeros desafios e acaba por muitas vezes ficando reclusa em casa ou se limitando a certos ambientes acessíveis.
De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo existem 610 milhões de pessoas com deficiência, das quais 386 milhões (63,3%) fazem parte da população economicamente ativa (de 15 a 64 anos, apta a trabalhar). E todos os meses cerca de 8.000 brasileiros adquirem uma deficiência, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Sendo assim, é essencial que as empresas e as pessoas ajudem a construir uma sociedade mais inclusiva. Com esse tipo de informação, os colaboradores se sensibilizam, se conscientizam e se empenham em apoiar a PCD.
Os treinamentos também serão fundamentais para construir as relações de trabalho que permitirão a inclusão. É possível que os colaboradores e a empresa precisem modificar processos operacionais e fazerem adaptações na execução de tarefas para que a PCD consiga se adaptar a rotina de trabalho. Respeitando as necessidades e integrando toda a equipe, será possível tornar a experiência cotidiana mais atrativa e valiosa para todos.
3. Promova relacionamentos saudáveis entre os colaboradores com a PCD
Informados e sensibilizados, os colaboradores iniciarão um relacionamento de trabalho com a PCD. A gentileza e a cordialidade devem ser a base dessa relação, como em qualquer outra. Deve-se referir a eles como “pessoa com deficiência” e nenhum outro adjetivo ou expressão pejorativa. A empresa precisa deixar claro que preconceito e maus tratos são inadmissíveis.
É importante instruir a equipe e fornecer informações da função e das limitações do novo colega, para que ele seja bem recebido ao chegar. Algumas informações que valem ser destacadas são:
- Qual a função que ele irá desempenhar;
- Horário de trabalho;
- Líder de referência, todo PCD deve ter um líder que o apoiará, irá tirar dúvidas, ajudar quando ele tiver dificuldades e dará as instruções necessárias no cotidiano laboral;
- Qual o tipo de deficiência e suas limitações;
4. Faça um mapeamento da acessibilidade
As relações interpessoais são de suma importância, mas fazer adaptações no ambiente físico é essencial também. Para isso, a empresa deve fazer um mapeamento de acessibilidade, identificando as barreiras, os pontos que não permitem passagem e/ou dificultam o acesso de PCD. Posteriormente, é necessário fazer as adaptações conforme a Norma Técnica Brasileira número 9050 (NBR-9050). Deve ser verificado se existem barreiras gerais com as seguintes características:
- Arquitetônica: barreiras ambientais físicas;
- Atitudinal: preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações;
- Comunicacional: barreiras na comunicação interpessoal;
- Metodológica: barreiras nos métodos e técnicas de trabalho;
- Instrumental: barreiras nos instrumentos e ferramentas de trabalho;
- Programática: barreiras invisíveis embutidas em políticas e normas da empresa.
5. Adote estratégias ergonômicas para possibilitar a inclusão de PCD
A ergonomia visa adaptar as condições de trabalho às condições psico-fisiológicas do colaborador. Portanto, a inclusão de PCD no ambiente de trabalho criará a necessidade de adaptações ergonômicas, que viabilizarão a acessibilidade e garantirão o acesso apropriado às pessoas com deficiência ao local de trabalho. A ergonomia irá propiciar: conforto, independência e segurança na utilização dos ambientes, estação de trabalho e equipamentos. Assim, todo o processo de inclusão será otimizado.
Para que isso aconteça, é preciso que o espaço disponha de sinalização tátil, sonora e visual de forma integrada, banheiros adequados, rotas acessíveis e outras melhorias. Quanto mais adaptado é o ambiente, maior a liberdade e autonomia das pessoas com deficiências, e assim mais produtivas elas serão.
A empresa que tem ou deseja ter uma PCD em sua equipe, deve adotar atitudes inclusivas e adequar seu ambiente de trabalho. Além disso, é preciso educar e informar a equipe para que haja aceitação e que todos compreendam como é produtivo e valioso conviver com pessoas diferentes.